Energia alternativa gerada por fogão à lenha e outras idéias inovadoras

06/07/2009

Aos 81 anos, o banqueiro mineiro Flávio Pentagna Guimarães poderia estar aposentado, após criar um império bilionário. Tem empresas nas áreas industrial, agrícola, imobiliária e, principalmente, financeira: a estrela do grupo é o banco BMG, um dos maiores beneficiários do boom do crédito consignado no País e que fechou o ano passado com patrimônio líquido de R$ 2 bilhões.

Em 2007, a família Pentagna Guimarães – incluindo os ramos de Flávio e de seus irmãos – ainda vendeu a mineradora Magnesita para o GP Investimentos por US$ 1,24 bilhão. Mas o banqueiro não quer nem ouvir falar em descanso – está em busca mesmo é de boas oportunidades de negócios. E sua nova aposta não pode ser chamada exatamente de um negócio convencional. Guimarães resolveu investir em projetos inovadores na área de energia alternativa.

Um deles é um fogão à lenha que gera, diariamente, energia elétrica suficiente para manter ligados lâmpada e televisão por até quatro horas. O invento foi apresentado há dois anos a Guimarães pelo engenheiro Ronaldo Sato. O banqueiro ouviu atentamente as explicações do inventor e, pensativo, deu três voltas em torno do fogão. Não teve dúvida: tratava-se de um bom investimento. Hoje, o fogão, batizado de BMG Lux, já está sendo produzido na Damp, uma das fábricas do grupo, em Santa Luzia (MG). Quatrocentas unidades já foram entregues ao governo do Acre, para serem repassadas a famílias de seringueiros no interior do Estado. Há negociações em curso para vender o produto para outros Estados e até para a Bolívia.

“Energia é o que há de mais importante no mundo”, diz o presidente do BMG. “O mundo precisa de mais energia, e de energia barata.” Em dois anos, o empresário já aplicou cerca de R$ 70 milhões para o desenvolvimento de novos negócios – a maior parte na área de fontes alternativas de energia.

O entusiasmo de Guimarães com seus novos projetos pode ser medido pelo simples fato de ele ter se disposto a dar uma entrevista. Notoriamente avesso aos holofotes, é um empresário que prefere atuar nos bastidores. A decisão de falar ao Estado foi uma mudança de comportamento inesperada, que surpreendeu até seus assessores.

Outra das apostas de Guimarães é o Contrimo, um aparelho que permite a instalação de motores trifásicos em redes de energia monofásicas. Produzido na fábrica da SET, em Florianópolis, o Contrimo deve chegar em breve ao mercado. A maior parte da rede elétrica no Brasil é monofásica, o que obriga consumidores empresariais a arcar com despesas pesadas para levar energia trifásica aos pontos necessários. O Contrimo, segundo o empresário, representará, em muitos casos, uma redução de até 90% no investimento necessário. O primeiro protótipo foi testado numa das fazendas do banqueiro.

Além do BMG Lux e do Contrimo, Guimarães está otimista em relação a dois outros produtos em fase adiantada de testes: um motor que gera energia a partir de ar comprimido e uma pequena geladeira que consome 77% menos energia que os modelos existentes no mercado. O modelo é ideal para as casas abastecidas pela energia elétrica gerada pelo fogão de lenha e está sendo desenvolvido para atender a essa demanda. “São negócios muito viáveis, com sustentabilidade”, diz o patriarca dos Pentagna Guimarães.

Após ter fechado sociedade com Sato, o inventor do BMG Lux, Guimarães foi em busca de experiências comercialmente interessantes nos laboratórios das universidades. Nos outros negócios, foi ele quem propôs sociedade aos inventores, e não o contrário. Cada invento está sendo desenvolvido por uma empresa específica, na qual o inventor fica com 40% do capital. “Não quero comprar as patentes, quero estimular os inventores para que eles continuem inventando”, diz. “Nós vamos ganhar dinheiro, mas eles também vão.”

Embora estivesse em busca de experimentos para geração de energia, não pôde ignorar duas boas oportunidades em outra área, de saneamento básico. Um sistema de tratamento de água por eletrólise, capaz de atender um condomínio de 20 casas e que gera, como resíduo, uma espécie rica de fertilizante, é uma das apostas. “Esse subproduto é ouro em pó”, diz, referindo-se ao fertilizante.

Outro invento que enche o banqueiro de orgulho é a usina de tratamento que transforma lixo orgânico em carvão. O sistema já está sendo utilizado em prefeituras do interior, numa fase experimental.

Para não perder o controle de tantos negócios, Flávio Pentagna Guimarães está promovendo uma reformulação completa no grupo BMG e criando uma holding. Recentemente, o banqueiro contratou três executivos respeitados no mercado para assumir posições estratégicas e profissionalizar a gestão do grupo. E, assim, ganhar mais tempo para cuidar dos projetos que abraçou com tanto entusiasmo.

Fonte: Jornal O Estado de S.Paulo – 6 de julho de 2009

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